Fanny Crosby: uma cegueira iluminada

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Frances  Jane Van Alstyne, poeta e  escritora de hinos, conhecida por Fanny Crosby, nasceu em New York a 24 de Março de 1820. Com seis semanas de vida perdeu a visão, por negligência do médico-assistente, mas apesar disso foi sempre notada a sua alegria e boa disposição.

Naquela época a mensagem do Evangelho foi plantada no coração da jovem Fanny, por intermédio da avó, que passava horas a ler-lhe a Bíblia. Fanny demonstrava ter uma memória extraordinária: decorou diversos trechos dos livros bíblicos de Rute e dos Salmos.

Em 1835 entrou numa escola para cegos, tendo concluído o curso em 1842. Cinco anos depois foi nomeada professora de Gramática, Retórica e História greco-romana, na mesma instituição, preenchendo a vaga até 1858. Em 1851 juntou-se à Igreja Episcopal Metodista, da qual foi desde então membro devoto.

Revelou talento poético ainda muito jovem, compondo os primeiros versos aos oito anos. Era descrita como uma criança impressionável, apreciadora das belezas da natureza e introspectiva.

O seu primeiro livro de poesia surgiu em 1844, com o título: “Uma rapariga cega e outros poemas” seguido de outros dois. De 1853 a 1858 escreveu várias canções, que foram musicadas por George F. Root, e algumas delas tornaram-se muito populares como: “Rosália a flor da pradaria”, e “Há música no ar”.

O seu primeiro hino para a Escola Dominical foi escrito em 1864, a pedido de William B.Bradbury, e durante os anos seguintes Fanny foi um manancial de hinos, canções e poemas até ao número de 8000, muitos dos quais foram publicados pela “The Biglow e Main., Co” de New York.

Os seus hinos são caracterizados pela simplicidade, rectidão e intenso fervor. Entre os mais populares está: “Segura nos braços de Jesus”, “Jesus mantém-me ao pé da cruz”, “Perto de Ti” e outros como “Exultação”:

A Deus demos glória com grande fervor;

Seu filho bendito por nós todos deu;

A graça concede ao mais vil pecador,

Abrindo-lhe a porta de entrada no céu.

 

Exultai! Exultai! Vinde todos louvar

A Jesus, Salvador, A Jesus, Redentor

A Deus demos glória por quanto do céu

Seu filho bendito por nós todos deu.

 

Oh! graça real, foi assim que Jesus,

Morrendo, seu sangue por nós derramou!

Herança nos céus, com os santos em luz,

Comprou-nos Jesus, pois o preço pagou.

 

Exultai! Exultai! Vinde todos louvar

A Jesus, Salvador, A Jesus, Redentor

A Deus demos glória por quanto do céu

Seu filho bendito por nós todos deu.

 

A crer nos convida tal rasgo de amor,

Nos merecimentos do Filho de Deus;

E quem, pois, confia no seu Salvador,

Vai vê-lo sentado na glória dos céus.

 

Exultai! Exultai! Vinde todos louvar

A Jesus, Salvador, A Jesus, Redentor

A Deus demos glória por quanto do céu

Seu filho bendito por nós todos deu.

Fanny Crosby nunca escreveu os seus poemas, mas completava-os na sua mente e ditava-os a um amanuense. Diz-se que chegava a compor doze ou mais hinos antes de os ditar para papel. Através da publicação do famoso “Hinos Gospel” e inumeráveis livros de hinos da Escola Dominical nos Estados Unidos e Inglaterra, pelo que os seus hinos são dos mais cantados e conhecidos em todo o mundo.

Um dia comentou: “Estava destinado pela abençoada providência de Deus que eu deveria ser cega toda a vida, e agradeço-Lhe. If perfect earthly sight were offered me tomorrow I would not accept it.Se me fosse oferecida amanhã uma vista perfeita eu não iria aceitar. I might not have sung hymns to the praise of God if I had been distracted by the beautiful and interesting things about me.Talvez não tivesse cantado hinos para o louvor de Deus, se tivesse sido distraída pelas coisas belas e interessantes sobre mim”. ”Quando chegar ao céu, o primeiro rosto que irá alegrar a minha vista será o do meu Salvador”.

Fanny Crosby era uma personalidade muito conhecida, convivendo com presidentes, generais e outras figuras de relevo na sociedade. Foi ela que tocou o hino: “Seguro nos braços de Jesus” no funeral do presidente Grant, em 1885. Nos últimos anos da vida tornou-se uma oradora muito popular.

Quando faleceu, a 12 de Fevereiro de 1915, ficou escrito na sua lápide: “ Tia Fanny. Bendita certeza, Jesus é meu. Oh, que vislumbre da glória divina.”

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